ARTIGO – EMPREGO: O TAMANHO DO PROBLEMA

CONVOCAÇÃO PARA AGE VIRTUAL – CPRM / SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL/ SUREG-BH
11 de setembro de 2020
ARTIGO: Política de valorização do salário mínimo não pode acabar
23 de setembro de 2020

AUTOR: Clemente Ganz Lúcio[1]

            O mundo do trabalho já passava por transformações profundas decorrentes de mudanças disruptivas no sistema produtivo e sobre essa dinâmica se sobrepõe os impactos da crise sanitária Covid19. O isolamento e os protocolos de distanciamento social estão promovendo significativos movimentos nas ocupações e no emprego, na organização das atividades produtivas e nas empresas. A recessão tira dinamismo da economia, reduz a capacidade de resposta dos setores privado e público e gera um contexto situacional de imprevisibilidade.

            Há no Brasil, segundo o IBGE, 170 milhões de pessoas em idade de trabalhar. Antes da pandemia estavam ativos cerca de 106 milhões, dos quais 93 milhões ocupados e 13 milhões procurando emprego. O impacto da crise sanitária reduziu para 81 milhões o contingente de ocupados (meados de julho, segundo o IBGE, Pnad Covid19). Ou seja, em poucas semanas cerca de 12 milhões de pessoas perderam seus empregos e foram para a inatividade sem exercer a procura de emprego, motivo pelo qual a taxa de desemprego subiu pouco, passando de 12% para 13%. Isso representa que menos da metade da população (48%) em idade de trabalhar estava ocupada, quando essa taxa era de 55% antes da pandemia.

No início de maio o IBGE estimou que dos 84 milhões de ocupados, cerca de 20 milhões estava afastado do trabalho, a maioria por conta do isolamento social e da paralização das atividades produtivas. Esse contingente de afastados foi estimado em meados de julho em pouco mais de 9 milhões, portanto, gradativamente, cerca de 11 milhões de trabalhadores afastados voltaram ao posto de trabalho, movimento que continua a acontecer. Do contingente de afastados, mais de 6 milhões encontram-se nessa situação devido ao isolamento social ou à paralização da atividade produtiva[2].

Outro fenômeno decorrente dessa crise sanitária foi a intensificação do trabalho mediado pelo uso de aplicativos e da comunicação eletrônica. O IBGE estima que mais de 8 milhões de pessoas passaram a trabalhar remotamente, contingente que permanece relativamente estável desde o início de maio. A manifestação das empresas é que parte considerável dessa nova condição permanecerá, ou seja, a expansão do uso do teletrabalho e do home office vieram para ficar.

Há um contingente de 28 milhões de pessoas em idade de trabalhar que não está na força de trabalho ativa, ocupada ou procurando emprego, e que declararam que gostariam (ou precisariam!) trabalhar. Considerando os cerca de 12 milhões de desocupados (Pnad Covid19), há em potencial cerca de 40 milhões de demandantes de algum tipo de ocupação laboral. Na medida que parte desse 28 milhões passarem a procurar um emprego ou ocupação e não encontrarem um posto de trabalho, poderão pressionar a subida da taxa de desemprego.

A alta informalidade, a rotatividade, a terceirização agravam as condições de trabalho da maioria dos ocupados, assim como o desalento e a múltiplas formas de precarização tornam o problema de subutilização da força de trabalho um desafio estrutural para as pessoas, para as famílias e para a economia.

Por isso o debate qualificado para enfrentar essa gravíssima crise econômica deve promover o planejamento de ações e medidas para garantir a renda das pessoas desocupadas ou deslocadas do mundo do trabalho, estruturar iniciativas públicas capazes de criar milhões de ocupações no curto prazo, mobilizar investimentos para retomar as milhares de obras públicas paradas e materializar projetos de investimento em infraestrutura econômica e social, cuidar das medidas de apoio às micros, pequenas e médias empresas, em especial para as cadeias produtivas, como p. ex., turismo, cultura, educação, entre outras, todas gravemente afetadas pela crise sanitária.


[1] Sociólogo, consultor, professor e assessor das Centrais Sindicais. (2clemente@uol.com.br).

[2] A diferença, cerca de 3 milhões, encontram-se afastados por férias, licença saúde, acidente ou maternidade/paternidade, etc.CompartilharMarcadores: Desempregomercado de trabalho b

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FONTE: BLOG DO CLEMENTE GANZ LÚCIO